quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
De volta à Estação Antártica Comandante Ferraz
Um ano após a minha primeira e frustrada vista à Estação Antártica Comandante Ferraz eu pisei novamente em solo antártico. Desta vez é tudo bem diferente. Apesar do tempo não ser aquele céu azul dos meus sonhos, não chove e a neve deixa tudo num clima muito mais polar do que a lama do ano passado. Tinha chegado passando mal e tivemos que madrugar pra sair do barco e ir pra terra antes do navio partir pra dar apoio ao segundo vôo de Punta Arenas até a estação Frei. Apesar de cansativo, foi muito bom, pois a luz foi ficando melhor a media que o dia avançava. Não posso dizer que o dia clareava ás 05:00 da manhã, pois o céu já fica claro a partir das 03:00.
Ao chegar à estação todos ainda dormiam e nem sinal do café da manhã. A vantagem de estar mal da barriga é que não tinha fome nenhuma e enquanto todos esperavam o café eu e um cinegrafista da Globo ficamos lá fora a procura de imagens. A luz ajudou e encontramos um “modelo de smoking” logo mais à esquerda na praia. O pingüim não estava colaborando muito, mais aos poucos foi se soltando e as imagens melhorando. Na animação de pegar o melhor ângulo fomos seguindo o bicho e de repente chega um dos oficiais do Grupo Base (os militares que operam a estação) para um leve puxão de orelha. Não podemos nos afastar sem avisar ou ter um deles conosco. Sem saber, já estávamos no gelo por cima do mar e este pode se romper e nos jogar pra dentro d’água. Recado dado e imagens feitas, voltamos pra tomar café.
Depois saímos pra dar uma volta com o alpinista, peça fundamental na logística do PROANTAR. Sempre que é preciso sair pra trabalhar em campo aberto eles acompanham os pesquisadores. Seja pra caminhadas em gelo ou subidas em rochas. São eles que mandam nos acampamentos espalhados pela península Antártica e tem a palavra final se é possível ou não sair em campo. Eu queria subir o Morro da Cruz, montanha atrás da estação que aparece em muitas fotos, mas o tempo não era estável e ele nos levou até metade do caminho onde seria possível avistar o outro lado da baía do Almirantado.
Na saída, já um pouco alto, pudemos avistar uma foca tentando atacar alguns pingüins. Eles foram mais rápidos e nós também em registrar a cena! Passamos pelas cruzes, que é uma homenagem aos que morreram por ali. Três ingleses, ainda da estação baleeira que ali funcionou muito antes dos brasileiros chegarem, e um brasileiro do grupo base que morreu do coração durante um inverno. Dali em diante o tempo piorou e não bastando toda a dificuldade em caminhar na neve fofa com aquelas roupas
pesadas, o vento apertou e gelava cada ponto exposto. Fiquei imaginando a dificuldade de subir montanhas de gelo em altitude. Pelo menos ali estávamos a nível do mar.
Ao chegar no ponto que nos foi permitido não pudemos avistar o outro lado, porque não havia visibilidade nenhuma. Algumas fotinhos para constar e todos só pensavam num café quentinho. A Estação é muito confortável, com vários camarotes, banheiros, biblioteca, lan house, sala de estar com a Globo internacional quase que 24 horas.
A comida também é muito boa e há uma dispensa cheia de guloseimas com livre acesso a todos.
À noite consegui conectar meu computador, falar com amigos e tentar matar as saudades da Marina. Não foi uma boa idéia, já que me viu no skype e realizou a minha ausência. Coração apertado, lá fui eu tomar banho e descansar porque queria aproveitar o máximo do dia seguinte.
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