quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Chegando Via FAB



A ida à Antártica é uma aventura a parte. Ela pode ser feita de duas formas: por mar nos navios Ary Rongel e Almirante Maximiano, ou pelo ar com os Hércules da FAB. Por conta da mudança de programação perdi minhas reservas de vôo comercial até Punta Arenas e acabei conseguindo uma vaga no vôo de apoio. No dia 21 lá estava eu embarcando no Hércules. Como tinha voltado nele no ano passado eu sabia muito bem o que me esperava. Nos vôos de ida, entretanto, há uma pernoite em Pelotas para pegar as roupas especiais que a Marinha cede no nosso período na Antártica. Tive a oportunidade de visitar o ESANTAR, que é onde essas roupas ficam armazenadas. Um verdadeiro paraíso dos alpinistas e qualquer amante das motanhas. As fotos falam por si.
Essa parada faz a diferença, porque cada minuto a menos lá dentro é lucro!!! As poltronas de lona são tão próximas uma da outra que nossos joelhos ficam intercalados com o da frente. Os tripulantes sempre arrumam um jeito de descansar, como podem ver na foto, e de vantagem tem o lanchinho que dá de 10 em muitos vôos comerciais no Brasil. Quem os serve é a lendária Tia Alice. Ex-comissária da varig, ex instrutora da mesma e agora voluntária já a alguns anos da FAB. Além de arrumar lanchinhos ela desembaraça toda a papelada na entrada e saída do país e cada pinguim em seu gorro significa um vinda ao polo sul.
Apesar do desconforto, o bom do vôo é que conhecemos nossos companheiros de viagem, visitamos a cabine e fazemos o possível pro tempo passar mais rápido. A segunda parada foi em Punta Arenas e a decepção é que era domingo e a zona franca estava quase toda fechada. No dia seguinte partimos pra Frei, a estacão chilnea que dá apoio à brasileira. De lá sobrevoamos até o Max, como é carinhosamente chamado o mais novo navio da operação. Cheguei me sentindo mal em Frei, por conta do jantar da noite em Punta Arenas e mal pude aproveitar o navio. Felizmente cruzarei o Drake nele e posso escrever sobre isso mais tarde.
Fizemos o trajeto de três horas até a estação, comigo passando mal na cabine e dormimos por lá.
A programação era de sair 05:00 da manhã de bote pra terra e a minha espectativa era grande.
Mas isso já é outra estória...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O porquê do blog, do livro e do retorno à Antartica







A intenção deste blog nada mais é que relatar pra amigos, familiares e curiosos a minha segunda ida à Antártica.
Como já tenho a experiência de uma primeira visita, sei como é irritante anexar fotos em webmail e difícil responder às perguntas de todos. Assim, resolvi fazer uma espécie de "diário de bordo", onde além de descrever minhas aventuras na terra dos pinguins, posso fazer um rascunho de tudo que passei pra usar posteriormente.
O motivo de estar indo pra tão longe pela segunda vez é um projeto pessoal chamado "Marinha do Brasil: norte, sul, leste e oeste".
Tudo começou quando consegui fazer uma expedição à Ilha de Trindade, na costa do Espírito Santo e descobri a importância da zona exclusiva econômica. O termo é rebuscado, mas simplesmente quer dizer que podemos explorar economicamente até 300 milhas naúticas o último ponto habitado do país. Em tempos de pré-sal isso pode significar muitos milhões de doláres. Nesta viagem descobri que eles (a Marinha) faziam expedições pela Amazônia em Navios Hospitalares e lá fui eu atrás deles.
É claro que é preciso algum contato, mas como fotógrafa e sobrinha de almirante corri atrás e consegui mais uma vez embarcar. Fiquei 20 dias navegando pelos rios Tapajós, Xingu e Trombetas num navio hospitalar, onde eu era a única civil, acompanhando o trabalho do pessoal da saúde nas populações ribeirinhas. Um trabalho lindo, onde toda logística de guerra é usada para ajudar comunidades tão carentes. A intimidade com o universo naval cada vez ficou maior e fazendo um amigo aqui e outro ali vi que a atuação na Antártioca era parecida, mas voltada para dar suporte à pesquisa cientíca. Foi quando visualizei os 4 pontos cardeais e vi que em cada um deles a marinha ajudava a uma atividade completamente diferente. O meu próximo destino será cobrir as patrulhas de fronteira nos rios do pantanal. Fechando a rosa dos ventos: norte-social, leste-econômico, sul-científico e oeste-militar. É claro que desde a primeira viagem até chegar aqui eu construi uma casa e fui morar no mato, tive uma filha, voltei pro Rio e terminei um casamento. Mas o que importa é que eu amo muito o meu projeto e é ele que me dá prazer entre tantos trabalhos chatos que me vejo obrigada a fazer. Eu, que adoro viajar, fotografar, o mar, a aventura, os navios e a vida a bordo sei que, apesar da minha tristeza de deixar minha filhota por 30 dias, terei muitos dias interessantes pela frente.
AH! E porque tive que voltar? Não é só difícil conseguir ir à Antártica, também é difícil chegar lá. Ano passado me prometeram 3 dias em terra, mas devidos a questões de logística, condições climáticas e sei lá mais o que, tive somente oito horas de um dia feio e chuvoso. Foi uma das maiores experiências da minha vida como pessoa e a mais frustante como fotógrafa. Algumas destas fotos que seguem agora são de todas estas expedições que fiz e que espero venham a ilustrar meu livro algum dia não muito distante.
Por último, o nome do blog é uma homenagem à Marina, minha filha. É assim que ela se refere à terra que sua mãe vai retornar. Ela quer muito ir também, mas sabe que não é um lugar pra crianças por causa do frio, mas espera muitas fotos de pinguins e mais um de pelúcia para sua coleção!